
Você já parou para pensar no destino do lixo que descartamos todos os dias?
Em um país como o Brasil, de população superior a 210 milhões de habitantes, cada pessoa produz, em média, 343 quilos de lixo por ano: no total, cerca de 80 milhões de toneladas de resíduos.
Grande parte dos resíduos corretamente descartados tem como destino os aterros sanitários, que são áreas especialmente projetadas para receber o lixo de maneira controlada, segura e com menor impacto ambiental possível.
Compreender como funcionam os aterros sanitários é fundamental para entender os desafios da gestão de resíduos no Brasil e repensar a forma como lidamos com o lixo em nosso dia a dia.
Vamos entender melhor essas classificações e o papel dos aterros na sustentabilidade?
O que é um aterro sanitário?
De forma simples, um aterro sanitário é uma área planejada e construída para o descarte de resíduos sólidos urbanos, com controle ambiental rigoroso.
A estrutura visa impedir a contaminação do solo, das águas subterrâneas e da atmosfera, ao mesmo tempo em que busca minimizar os impactos negativos do descarte.
É importante não confundir o conceito de aterro sanitário com outras formas de destinação de resíduos:
- Lixão: é o tipo mais rudimentar e nocivo. Trata-se do descarte de resíduos a céu aberto, sem qualquer tipo de tratamento, impermeabilização ou controle ambiental. Ainda existem centenas de lixões ativos no Brasil, mesmo sendo proibidos por lei.
- Aterro controlado: uma forma intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Há alguma tentativa de cobertura e organização dos resíduos, mas sem atender plenamente às exigências técnicas e ambientais.
- Aterro sanitário: cumpre todas as normas técnicas exigidas por órgãos ambientais. Tem impermeabilização do solo, drenagem de chorume e gases, e monitoramento constante.
A diferença entre lixões e aterros sanitários é fundamental não só do ponto de vista técnico, mas também para a saúde pública.
Enquanto os lixões são criadouros de doenças e contaminação, os aterros sanitários evitam esses problemas com infraestrutura e tecnologia adequadas embasadas na política de logística reversa.
Para se aprofundar sobre o arcabouço legal que proíbe os lixões e estabelece metas de destinação, confira a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNR) e saiba como a lei define obrigações para cada etapa da gestão de resíduos.
Como funcionam os aterros sanitários na prática?
Agora que já sabemos o que é aterro sanitário, vamos entender o funcionamento dessa estrutura na prática.
O processo segue uma série de etapas técnicas que garantem o controle ambiental e a segurança da operação:
- Preparação do terreno: antes de receber qualquer resíduo, o solo é impermeabilizado com geomembranas (geralmente feitas de polietileno de alta densidade) e camadas de argila. Essa barreira evita que o chorume infiltre no solo e contamine os lençóis freáticos.
- Disposição dos resíduos em camadas: o lixo é depositado em células específicas, dispostas em camadas organizadas.
- Compactação e cobertura diária: os resíduos são compactados por tratores e diariamente cobertos com uma camada de terra ou outro material inerte. Isso reduz o mau cheiro, impede a proliferação de vetores e melhora a estabilidade do aterro.
- Captação de chorume: um sistema de drenagem coleta o chorume (líquido gerado pela decomposição dos resíduos), que é tratado em estações específicas.
- Captação de gases: durante a decomposição do lixo, são liberados gases como o metano (CH₄) e o dióxido de carbono (CO₂). O sistema de tubulações capta esses gases, que podem ser queimados ou utilizados para geração de energia, como ocorre em alguns aterros modelo.
- Monitoramento ambiental: todo o sistema é acompanhado por análises frequentes da qualidade do solo, da água subterrânea e do ar. Isso garante que o aterro esteja operando conforme as normas ambientais.
O funcionamento dos aterros é um exemplo claro de como a engenharia ambiental busca soluções para os problemas urbanos modernos.
Alguns projetos inclusive já transformam o biogás (gerado nos aterros) em energia elétrica, contribuindo para a matriz energética sustentável e a compensação ambiental.
Quais os impactos ambientais dos aterros sanitários?
Apesar de serem a opção mais segura para disposição final de resíduos, os aterros sanitários ainda causam impactos ambientais, especialmente se não forem bem gerenciados:
- Emissão de gases de efeito estufa (GEE): mesmo com sistemas de captação, o metano, um potente GEE, pode escapar e contribuir para o aquecimento global.
- Contaminação do solo e das águas subterrâneas: caso haja falhas na impermeabilização ou no tratamento do chorume, os impactos ambientais podem ser graves e de longa duração.
- Mau cheiro e atração de vetores: apesar das camadas de cobertura, alguns aterros ainda apresentam problemas com odores e presença de roedores e insetos.
De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), esses depósitos a céu aberto recebem aproximadamente 40% das mais de 77 milhões de toneladas de lixo produzidas anualmente no país, representando uma forma ambientalmente inadequada de descarte de resíduos.
Essa realidade mostra a urgência de melhorar a gestão de resíduos e investir em educação ambiental, incentivando práticas como a separação correta dos resíduos e logística reversa.
Soluções para minimizar os impactos dos aterros
Embora os aterros sanitários sejam importantes para a gestão de resíduos, eles não representam uma solução definitiva.
A redução dos impactos passa por um conjunto de ações integradas:
- Reciclagem: quanto mais reciclamos, menos resíduos precisam ser enviados para os aterros. Plásticos, papéis, vidros e metais têm alto potencial de reaproveitamento.
- Compostagem: resíduos orgânicos podem ser transformados em adubo, reduzindo significativamente o volume de lixo.
- Aproveitamento do biogás: quando captado corretamente, o metano pode ser convertido em energia elétrica ou térmica, reduzindo emissões e agregando valor ao processo.
- Tecnologias de tratamento de chorume: algumas cidades já adotam sistemas avançados de filtração e reuso do chorume tratado, transformando um poluente em recurso.
Essas iniciativas reforçam o papel da economia circular e da logística reversa como caminhos fundamentais para minimizar a dependência dos aterros.
Qual a importância da gestão integrada de resíduos?
Para compreendermos de forma mais ampla como funcionam os aterros sanitários, é essencial entender que eles são apenas uma etapa final dentro de um sistema muito maior: a gestão integrada de resíduos sólidos.
Essa abordagem envolve todas as fases do ciclo do lixo — da geração à destinação final — e segue uma hierarquia que prioriza:
- Não gerar resíduos
- Reduzir o consumo
- Reutilizar o que for possível
- Reciclar materiais
- Tratar os resíduos restantes
- Dispor corretamente o que sobra (aterros sanitários)
Nesse modelo, os aterros aparecem apenas como último recurso, ou seja, tudo o que for possível reduzir, reutilizar ou reciclar deve ser priorizado.
A implementação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) é muito importante para estruturar essa gestão de forma estratégica e alinhada à legislação ambiental.
É aí que entra a atuação da eureciclo: com a compensação ambiental por meio de créditos de reciclagem, nós conectamos marcas a operadores de reciclagem em todo o Brasil, ajudando a tirar toneladas de resíduos dos aterros sanitários.
Repensando nossos resíduos para um futuro mais limpo com a eureciclo
Compreender como funcionam os aterros sanitários é dar um passo importante rumo à conscientização sobre a forma como lidamos com os resíduos que geramos.
Ainda que sejam estruturas fundamentais para o controle ambiental dos rejeitos, os aterros devem ser vistos como uma solução de último recurso.
A mudança começa por atitudes simples — reduzir o consumo, separar corretamente o lixo, optar por marcas comprometidas com a reciclagem e buscar informações sobre a destinação correta dos resíduos.
Vamos repensar juntos os nossos resíduos e construir, com consciência e responsabilidade, um futuro mais verde e sustentável?