Separar resíduos é uma prática cada vez mais comum no Brasil, com 59% das residências adotando essa medida antes do descarte, superando a média global, de acordo com o relatório global “Um Mundo de Resíduos: Riscos e Oportunidades na Gestão de Resíduos Domésticos”.
O estudo, baseado em dados do World Risk Poll, produzido pela Lloyd’s Register Foundation, revela também que a separação de resíduos é mais frequente nas áreas urbanas (91%) em comparação às rurais (59%), evidenciando desigualdades significativas na infraestrutura de gestão de resíduos.
Essa desigualdade estrutural impacta diretamente as práticas de descarte. Enquanto quase nenhuma residência urbana (menos de 5%) recorre à queima de lixo, mais de um terço das famílias em zonas rurais (36%) ainda adotam essa prática, que contribui para a poluição e prejudica a saúde pública. A ampliação de serviços de coleta para áreas remotas é essencial para reduzir esse problema e promover maior equidade.
No Brasil, os resíduos alimentares (orgânicos) compõem 60% dos resíduos domésticos, enquanto o plástico representa 30%. Esses materiais precisam de gestão eficaz para minimizar o impacto ambiental. Segundo a Fundação Ellen MacArthur, o descarte inadequado de plásticos pode levar a um aumento significativo de poluição nos oceanos, com previsão de que, até 2050, o volume de plástico nos mares ultrapasse o de peixes.
Para maximizar o potencial de reciclagem, é fundamental separar os resíduos em contêineres específicos. Essa prática não apenas aumenta as taxas de reaproveitamento, mas também ajuda a mitigar as emissões de gases de efeito estufa e conserva recursos naturais. Como destaca Nancy Hey, diretora de Evidências e Insights da Lloyd’s Register Foundation: “Medidas educativas ou incentivos só podem ter sucesso se houver uma infraestrutura adequada para lidar com materiais recicláveis após a coleta.”
Esse cenário evidencia que, apesar dos avanços no Brasil, ainda há muito a ser feito para garantir uma gestão de resíduos eficiente e inclusiva em todo o país.